SEGUNDO A ONU PLANOS DE MOBILIDADE NÃO ATENDEM AS NECESSIDADES DAS MULHERES

SEGUNDO A ONU PLANOS DE MOBILIDADE NÃO ATENDEM AS NECESSIDADES DAS MULHERES

O acesso das mulheres a transporte público seguro é essencial para o desenvolvimento sustentável. Em algumas partes do mundo, um número significativo de mulheres e meninas usam meios de transporte de baixo carbono, principalmente caminhadas e ciclismo para ir ao trabalho

Recente reportagem publicada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA, aponta que o acesso das mulheres a transporte seguro é essencial para o desenvolvimento sustentável, destacando que  em muitas partes do mundo, uma parcela representativa de mulheres e meninas utilizam meios de transporte de baixo carbono, com destaque para as caminhadas e as bicicletas em seus deslocamentos para o trabalho.

Utilizando como exemplo o censo realizado em 2011 na Índia, onde se constatou que  84% das mulheres utilizam meios de transporte de baixo carbono em seus deslocamentos ao trabalho em áreas urbanas. Apesar desses dados, os planos de mobilidade geralmente não consideram as necessidades de mulheres e meninas e, consequentemente, negligenciam suas opiniões sobre segurança, proteção e conforto.

A falta de segurança nos espaços públicos afeta os direitos humanos das mulheres e sua capacidade de participar da vida na cidade igualitariamente. Quando as mulheres se sentem inseguras em espaços públicos, são menos propensas a viajar. Isso dificulta seu acesso à educação e a serviços sociais, por exemplo, tornando-as incapazes de tirar proveito das oportunidades econômicas e sociais existentes. As mulheres acabarão se tornando as principais beneficiárias de um melhor acesso à infraestrutura segura para caminhadas e a utilização da bicicleta.

De acordo com o relatório ‘Conectividade no transporte: uma perspectiva de gênero‘, lançado em 2019 pelo Fórum Internacional do Transporte, as experiências específicas de gênero no transporte decorrem de uma série de disparidades econômicas e sociais, incluindo acesso a recursos, responsabilidades domésticas e normas culturais em torno da mobilidade das mulheres.

Como resultado, as mulheres enfrentam restrições singulares de tempo e recursos, bem como considerações de segurança com relação a suas atividades de transporte e de sua participação na força de trabalho do transporte. Essas diferenças são sistêmicas e se reforçam, já que a mobilidade fornece acesso a fontes de renda, educação, assistência médica e outras oportunidades.

Os sistemas de transporte que facilitam a igualdade de acesso, segurança e conveniência elevam o padrão de serviço para todos os usuários e trazem benefícios econômicos e sociais regionais significativos. Um relatório do Banco Mundial de 2011 já  recomendava a necessidade de integrar diferenças de gênero às políticas e programas de transporte.

A seguir as recomendações: 

  • Políticas, estratégias e regulamentos de transporte informados sobre questões de gênero – por meio de análise social e de gênero e planejamento participativo que inclui beneficiários femininos e masculinos.
  • Análise rotineira de questões de gênero e transporte durante o planejamento e implementação do transporte – para determinar a acessibilidade do transporte para diferentes populações.
  • Consulta com inclusão de gênero – são necessários mecanismos para aumentar a participação das mulheres, como discussões em grupos focais de mulheres para mulheres.
  • Sensibilização e capacitação de agências de transporte e operadores de serviços – para criar capacidade de abordar questões de gênero no transporte e criar um grupo que garanta que as questões de gênero sejam sistematicamente abordadas.
  • A conscientização pública sobre as necessidades de mobilidade das mulheres com respeito à cultura local – para expandir a mobilidade de mulheres e meninas e seus acessos a serviços de saúde, educação e oportunidades econômicas.
  • Monitoramento e avaliação informados por questões de gênero – para garantir que importantes atividades relacionadas a gênero sejam implementadas e os impactos sejam medidos por meio de monitoramento e avaliação informados por gênero.

Fotos: PNUMA / manhhai-Visualhunt.com/CC by-NC

(ONU - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA)

Admin

27 Fevereiro 2020

Mobilidade

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Destaque

A Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira (25) proposta que obriga os fabricantes e importadores de bicicletas a fornecer aos compradores um manual com normas de circulação e infrações contidas no Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97), além de informações sobre direção defensiva e primeiros socorros.