ODENSE, A CIDADE ONDE  AS CRIANÇAS VÃO AO JARDIM DE INFÂNCIA DE BICICLETA

ODENSE, A CIDADE ONDE AS CRIANÇAS VÃO AO JARDIM DE INFÂNCIA DE BICICLETA

Em Odense, a terceira maior cidade da Dinamarca, quatro de cada cinco crianças vão à escola de bicicleta, de patinete ou a pé. A cidade tem uma rede de ciclovias com mais de 550 km e a garotada vai sozinha à escola com total segurança


Odense é também conhecida por ser a cidade natal de Hans Christian Andersen, um dos mais celebres escritores e poetas da literatura infantil, e foi ali que nos anos 1970 quando muitas cidades da Europa investiam no transporte particular incentivando o uso de automóveis que a prefeitura local começou a construir ciclovias.
Após várias décadas de trabalho e conscientização, em Odense, uma boa parte dos 200 mil habitantes se move a pedal;  segundo dados da prefeitura local, um 50% das viagens dos cidadãos são feitos em bicicleta; além da longa malha cicloviária a cidade conta, também, com 123 pontes exclusivas para o uso de ciclistas a intenção é eliminar os cruzamentos perigosos e tornar a cidade tranquila e confortável para quem pedala.
O uso da bicicleta é inclusivo, 81% das crianças vão à escola pedalando e os programas de aprendizado e treinamento começam logo aos dois anos de idade, no jardim de infância com as bike-balance (bicicletas de equilíbrio sem rodinhas laterais ).
Entre 1999 e 2002 a cidade criou um programa para estimular o uso da bicicleta que ficou conhecido como o sistema 20, 20, 20 – que propunha o incremento de 20% no número de ciclistas, uma redução de 20% nos acidentes envolvendo ciclistas a um custo de 20 milhões de coroas ( cerca R$ 9 milhões ao câmbio atual) – valor considerado por muitos como baixo para o grande impacto que resultou.
Segundo Troels Andersen, chefe de projetos cicloviários da cidade, a bicicleta é usada por pessoas de todas as idades. “É muito raro que pessoas mais velhas parem de usar a bicicleta por um motivo de infraestrutura ou segurança, o principal motivo (ndr.: para que deixem de pedalar) está ligado a problemas de equilíbrio” – comentou.
Para Andersen o envolvimento da cidade e seus cidadãos com o transporte em bicicleta já é uma coisa natural: “As pessoas fazem isso aqui gratuitamente. Quando as pessoas se movem de bicicleta aqui, elas fazem isso por diversão e prazer, e pela saúde". O elemento-chave é, portanto, a promoção e o encorajamento, especialmente com os mais jovens. O estudante estrangeiro que vai estudar em alguma das universidades de Odense encontrará em seu quarto da universidade uma bicicleta disponível; além disso o sistema de bicicletas compartilhadas da cidade é gratuito, bastando apenas utilizar um código recebido via telefone celular.
Quanto à criançada, a politica oficial é de que as rotas escolares devem ser suficientemente seguras para que pessoas com seis anos de idade ou pouco mais possam se locomover de bicicleta sozinhas, desde que haja o consentimento da família.
O envolvimento com a bicicleta se inicia já na educação infantil, no jardim da infância, aonde as crianças começam a ter atividades com bicicletas de equilíbrio. Além disso foi criando um personagem, um simpático pato, que leva as crianças a passear entre uma escola e outra.
Para os maiorzinhos está o projeto Pedale Feliz para a Escola – aonde as crianças aprendem a como se comportar no trânsito. Para incentivar a ida a escola um outro programa de incentivo é o CycleScore; cada vez que a criança vai à escola de bicicleta ganha um bilhete para concorrer a sorteios de camisetas e acessórios para ciclistas. O projeto foi implantado em 2014 e rapidamente repercutiu com o aumento de 28% no uso da bicicleta para os deslocamentos entre a casa e escola.
Para Connie Juel Clausen, responsável pelo trânsito da cidade, várias soluções foram adotadas para facilitar o deslocamento das crianças: quando os pequenos ciclistas chegam em uma intersecção de ruas maiores, eles podem seguir caminho tranquilamente por meio de túneis ou pontes onde a passagem de carros é proibida. “Acreditamos que semáforos não são tão seguros para crianças”, explica Connie, mãe de uma menina que aos seis anos de idade começou a ir sozinha para a escola de bicicleta. “Claro que depende da responsabilidade e
conhecimento de cada criança”
, confessa, “mas a maioria das escolas têm esquema inteligente que torna a viagem muito segura”.
E para tranquilizar os pais quanto à segurança dos filhos, há instituições que proíbem estacionar o carro diante de uma escola; para o diretor de uma de uma escola local, Lars Christian Eriksen: “Não é seguro para as centenas de crianças que chegam a pé ou de bicicleta. Os policiais multam os pais que insistem em fazer isso”, conclui.
A grande maioria das ciclovias da cidade são segregadas por algum tipo de barreira, para garantir maior segurança e tornar o espaço mais acolhedor a usuários de todas as idades. Em locais compartilhados segundo Eriksen “Faz parte da nossa cultura ser cauteloso. Se você é um motorista, você sabe que tem que cuidar de todos os ciclistas”.

Fotos: Odense Kommune/Cycling Embassy of Denmark

(The Guardian / Washington Post)

Admin

03 Abril 2017

Mobilidade

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